Alienação Parental, do que se trata?
- Solange Frid

- 12 de out.
- 2 min de leitura

Richard A. Gardner. psiquiatra infantil americano, que na década de 80, em razão de seu trabalho com crianças que viviam a disputa de pais pela sua guarda, cunhou o termo "Síndrome de Alienação Parental" para descrever um conjunto de sintomas em crianças que sofriam um suposto processo de manipulação psicológica de um de seus pais. Ele percebia que a criança induzida a rejeitar um dos pais. Nos relatos, o sentimento de medo, desrespeito ou hostilidade injustificados em relação a outros membros da família, estavam presentes.
Apesar da teoria de Gardner ser controversa, a lei brasileira de alienação parental (Lei nº 12.318/2010) foi embasada na teoria de Gardner, mas o conceito jurídico brasileiro teve o cuidado de se afastar da ideia de "síndrome", focando nos atos de alienação, conforme explica a Lei de Alienação Parental.
Para as crianças que tiveram seus elos rompidos com um dos pais por conta da separação conjugal. não há possibilidade de escolha. O medo da rejeição do seu cuidador a faz manter-se leal a ele, odiando o outro que, frequentemente, é acusado, difamado e culpabilizado. Comumente na clínica identificamos na criança o medo de ser rejeitada por seu cuidador, o que a faz unir-se a ele pelo ódio e hostilidade ao outro genitor. Essa lealdade sustentada pelo medo é monitorada pelo genitor que tem a guarda, afinal, qualquer deslize o filho pode sofrer retaliação No documentário dirigido por Alan Minas, A morte inventada, os depoimentos dos filhos que sofreram com as ameaças dos cuidadores é clara e aberta.
As marcas de experiências desse tipo são dolorosas e indeléveis. Dessa "guerra" não há vencedor.
Sabemos o quanto é importante para todo ser humano um ambiente seguro e confiável, ainda mais quando se é bebê, criança e adolescente. A responsabilidade dada ao filho para a manutenção do "bem-estar" do cuidador, é uma distorção, na medida que ele é uma criança, que precisa de um adulto cuidador e não de um cuidador que precisa de ajuda.
Sentir raiva faz parte das relações, mas mantê-la a todo custo é sinal que algo não vai bem e a medida é o sofrimento vivido por todos. Sabemos que estender o sofrimento é danoso para a criança, mas também para todos os adultos envolvidos. Buscar ajuda com um psicólogo habilitado o quanto antes é essencial, adiar essa ajuda pode não ser uma boa medida, e ser tarde demais.




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